PAIXÃO

Paixão

Como foi que você entrou em mim, dessa maneira assim tão forte?
Como eu pude não perceber?
Como eu fui permitir?
E agora que você já está inteiro dentro do meu coração, como expulsar você?
Como me livrar disso?
Como você foi entrar em mim?
Como você pôde se apoderar assim, sem que eu percebesse, sem que eu me desse conta?
Que se faz em horas assim?
Que se faz pra se tirar alguém de dentro da gente?
No coração, a razão não manda?
Acho que não!
O coração é um órgão distinto, não obedece nenhum comando...
Meu coração eu não comando mais!
Onde você vai, está ele atrás, pedindo atenção...
Como seria bom se você o conhecesse, se o destacasse na multidão.
Eu me viraria pra dentro de mim, e viveria só pra você...

Eliete Ramos Pereira
Julho/1986

O MASCULINO .... por um olhar feminino

O Masculino... por um olhar feminino.

Desde menina sempre me vi encantada pelo masculino. Um encantamento difícil de colocar em palavras, tanto quanto é difícil expressar a real idéia do que seja esse "masculino". Se não um sentimento, talvez uma percepção. Uma percepção impregnada de emoções relativas à proteção, à força, à virilidade que só o homem tem. Algo perto de uma fascinação, porém, apesar de "sentido" com clareza, difícil de ser captado por palavras ou explicações.

É como se o masculino me transportasse a algum lugar diferente do meu, nem melhor, nem pior, mas sensivelmente diferente. Alguma coisa que me faz sentir aconchegada, protegida, acolhida, cuidada, algo próximo da "defesa" (no melhor sentido da palavra).

Alguns homens que passaram por minha vida contribuíram para essa percepção, bem como a relação que tive com esses homens... Meu pai, o primeiro e talvez o mais importante homem de minha vida; meu filho; alguns compositores que acompanharam a minha trajetória desde a infância até a idade adulta; meus primos; meus amigos; meus amores; meus professores; meus médicos; meus analistas...

Sempre me vi rodeada de homens, sempre busquei sua companhia, talvez por curiosidade, talvez por me sentir acolhida mesmo, talvez por querer desvendar o mistério que há na essência dessa espécie.

O ser masculino é rápido, objetivo, forte. Capaz de caçar, mas também de cuidar.

Somos parecidos em tantas coisas, mas também muito diferentes em tantas outras... e é a presença do masculino que me faz sentir o feminino.

Sinto que nos tornamos, todos, homens e mulheres, seres muitas vezes antagônicos, mas que se completam nas diferenças e nas singularidades dos gêneros.

Gostaria de dizer dessa minha percepção, talvez para proporcionar (aos homens) um olhar feminino, singular, que lhes ajude a refletir sobre si mesmos.

Um não sei quê que me fascina, me intriga, me encanta e me excita...

Eliete Ramos
Abril/2006